Já que falei nas mortes, vou falar também nos nascimentos que acontecem durante as histórias. São em bom número e, para fazer este texto, incluí essa coluna de informação na mesma tabela em que contabilizei o número de mortes, e descobri que há 41 histórias em que não nasce ninguém e 10 histórias em que nasce pelo menos uma pessoa. Ao total, são 44 personagens que nascem durante as histórias. Em seis casos, a história acabou antes que a criança nascesse, sendo que, em Tudo que o dinheiro pode comprar, outras crianças já tinham nascido, então ela aparece entre os 10 casos de nascimentos e entre os seis casos de crianças por nascer. Há apenas um caso de gestação perdida (é claro que não vou dizer em que história). A história com maior número de nascimentos é Construir a terra, conquistar a vida, em que nascem 17 pessoas. É interessante notar que não fazem parte de minhas histórias o nascimento de pessoas reais, mas só conto o nascimento das minhas personagens.
A primeira criança que nasceu numa história minha foi André, de uma história sem nome descartada que eu chamo de Juliana, o nome da personagem principal. Nas histórias sobreviventes, o primeiro bebê foi Clare Neville, em O destino pelo vão de uma janela. Meu “caçula” é Karl Günter, que nasceu em O canhoto (a história mais recente).
A certa altura do processo, desenvolvi uma espécie de “mania” com relação aos nomes das personagens nascidas no Brasil: o nome do bebê é sempre o mesmo da personagem principal do romance anterior. Curiosamente, os primogênitos vêm sendo sempre meninos. Acho que começou em Uma antiga história de amor no Largo do Machado, quando o descendente de Ricardo também se chama Ricardo. A história seguinte passada no Rio de Janeiro foi Tudo que o dinheiro pode comprar e eu resolvi homenagear a personagem principal da história anterior. O nascimento seguinte no Brasil foi em Construir a terra, conquistar a vida, então o primeiro filho de Duarte se chama Miguel. Desde então, não nasceu mais nenhum brasileiro, mas eu já sei que o próximo que nascer se chamará Duarte – ou Eduardo, a forma moderna do nome. A escolha dos nomes das personagens é sempre muito bem pensada, e eu analiso a sonoridade, se é um nome forte ou fraco, doce ou rude, de forma que combine com a personalidade que estou construindo, mas os nomes das crianças é de certa forma exceção, porque, como as pessoas, as crianças das minhas histórias vão formando a personalidade à medida que crescem.
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