Estou ainda no mês de junho de 1927, e o clímax da História de Toni só vai acontecer em
agosto. Escrevi cenas de fúria, de inveja, de ternura, de tristeza e dor. O clímax
vai ser uma cena tensa, com tudo isso e mais um pouco, mas será como
tempestade: descarregadas as nuvens, ainda que com violência, o sol voltará a
brilhar, ou seja, tudo será resolvido, encaminhando para um final feliz ou para
um final infeliz, não vou contar. Só o que posso adiantar do final é que será
trágico: “que não pode ser de outra forma”.
O clímax e o final da história estão definidos
desde antes de eu começar a escrever; desde antes mesmo de eu começar toda a
pesquisa prévia (que, para esta história, durou um ano). A decisão de começar a
escrever aconteceu justamente porque eu já tinha um clímax e um final que me
agradavam. Então essas cenas vêm rolando na minha cabeça pelo menos desde 2010.
Agora, que estou mais próxima de escrever o clímax, venho detalhando-o,
escolhendo palavras, frases e gestos para expressar o que eu quero. E foi assim
que o título da história me veio.
Não, o título não tem a ver com o clímax,
simplesmente. Não gosto que títulos que contam o final da história; acho que
perde a graça. Mas agora eu já conheço melhor as personagens principais – Toni e
Rosa – já sei do que elas gostam, o que valorizam, o que é significativo para o
amor deles. Foi elaborando o clímax, e com a história toda na cabeça, que eu me
dei conta de um gesto que marca o amor de Toni e Rosa desde a primeira página –
e eu botei lá de propósito – e que se faz presente em referência mesmo quando
eles estão afastados um do outro: mãos dadas. Então, essa história, que tinha
nome de Rosinha, e que eu vinha
chamando de História de Toni, agora
tem um título de verdade: De mãos dadas. Estou satisfeita com
essa solução e, agora que virou título, vou reforçar ainda mais a importância
desse gesto ao longo de toda a história.
Os
textos antigos do blog ficarão como estão, “sem título”, assim como foi com Não é cor-de-rosa, quando deixou de ser Fábrica.
Mas, a partir de agora, tenho um título para me referir a essa história que está
me dando tanto trabalho e alegria de escrever.
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