sexta-feira, 21 de junho de 2013

O ANTI-HERÓI

Estou há tempo ensaiando para falar desse tipo de protagonista. Andei pesquisando conceitos e exemplos mas não encontrei muita informação conclusiva. Todos preferem falar do herói, aquele sujeito sem graça que abarca todas as qualidades da face da terra e que salva o mundo todos os dias. O anti-herói, perto do herói, é asqueroso e desprezível. Tenho uma queda pelos desamparados, talvez por isso prefira os anti-heróis.
Todos os meus protagonistas são anti-heróis. Não que sempre lhes falte caráter (característica apontada como necessária para alguns conceituadores) mas eles têm uma série de defeitos: sentem medo, sentem raiva destrutiva (e não a indignação mobilizante dos heróis), têm dúvidas, erram, choram, caem, pedem desculpas; são muitas vezes gananciosos, interesseiros, falsos, mentirosos, inescrupulosos, embora confiáveis, amorosos, fiéis a seus ideais. Por isso, pode acontecer de eles serem confundidos com antagonistas – como eu mesma fiz, analisando a personagem Curt Legrant neste texto. Na verdade, ele é o protagonista da história mas, por ser um anti-herói, ele acaba parecendo antagonista de Karl. O mesmo acontece com Ninette, que é, sim, protagonista de sua história. Dessa forma, Karl e Estienne ficam mesmo com o papel de co-protagonistas, na função de “pequenos” (ver texto sobre Grande e pequeno) e, na verdade, eles também são antagonistas, pois impedem Curt e Ninette de alcançarem o poder que almejam.

O anti-herói está mais próximo da pessoa real do que o herói. E eu gosto das pessoas reais, que têm defeitos e problemas. Acho que construir anti-heróis me ajuda a dar verossimilhança à história, pois a vida no passado (o que eu gosto de fazer) não era um conto-de-fadas, mas vida de verdade, de pessoas humanas como nós.

terça-feira, 11 de junho de 2013

FUNERAIS

Embora haja bastante mortes nas minhas histórias, não faço muitos funerais. Eu meio que simplifico dizendo simplesmente que tal pessoa foi enterrada, mas sem falar de caixão, velório, cemitério.

O maior de todos, que é a história com maior número de mortes, não tem nenhum funeral completo, apenas narrações simplificadas. Acho que a primeira cena de funeral com velório e enterro acontece em Construir a terra, conquistar a vida e, a partir de então, é mais comum eu detalhar o ritual – mas não é regra. E aí é interessante notar a diferença entre o funeral de uma personagem secundária ou terciária e o funeral de uma personagem protagonista – sim, tenho mais de uma história em que o protagonista morre no final e, em uma delas, o funeral é detalhado. Quando morre uma personagem secundária ou terciária, o morto fica lá, quietinho, sem outra função que ser lamentado (ou não) pelo protagonista. Mas, nessa história em que eu conto o funeral do protagonista, a personagem, embora “lá, quietinha”, continua sendo determinante das ações das outras personagens; continua, portanto, carregando a trama, embora sem falar nem se mexer. É aquele tipo de situação em que se fica com a impressão de que a pessoa a qualquer momento vai levantar dali e sair andando, que, se a gente olhar por bastante tempo, uma hora a pessoa vai se distrair e respirar. Chorei muito no funeral desse protagonista (que, é claro que eu não vou dizer quem é) e espero ter feito de forma que o leitor se emocione também. Certo, leitor, não precisa chorar, basta lamentar essa morte e já fico satisfeita.

sábado, 1 de junho de 2013

RELATÓRIO DE PROGRESSO – 24 MESES


E não é que Rosinha está rendendo? Em número de páginas e em tempo gasto a escrever. Já está ombreando com Construir a terra, conquistar a vida, que tem 876 páginas e que eu levei seis anos para escrever. Em Construir a terra, conquistar a vida, era a vida das muitas personagens que me alongava; em Rosinha, são os eventos históricos: só a Revolução Paulista de 1924 me custou mais de 40 páginas.
No momento, estou em 1924, já na terceira fase, preparando Toni para voltar à fazenda e reencontrar Rosa. Esse reencontro vai dar “panos para mangas”, pois são muitos anos de afastamento para colocar em dia, muitos eventos a serem contados e explicados de parte a parte. Cada um terá que se colocar no lugar do outro para compreender a complexidade da situação do outro, de forma que o amor entre eles continue prevalecendo.
Embora o narrador seja em terceira pessoa, o ponto de vista da história é Toni. Ele não tem notícias da Rosa, nem o leitor. Que Rosa Toni vai encontrar quando voltar? Terá se mantido fiel à promessa de esperar por ele? Terá morrido de Gripe Espanhola? Toni confia, apenas confia, e só saberá de tudo (e o leitor também) quando estiver novamente na fazenda.
A primeira fase da história durou da página 1 à página 125 e foi apenas uma pequena introdução às personagens e seus objetivos, à determinação de Toni e às suas dificuldades. Na página 125, aparece Letícia, com uma reviravolta escondida na manga, e permanece até a página 398, que é quando acaba a segunda fase (total de 273 páginas, portanto). Há agora uma espécie de interlúdio, nesse início de terceira fase, até que Toni entre no trem de volta para São Carlos. São alguns eventos importantes, que consolidam a segunda fase e preparam o reencontro com suas origens e a retomada de seus objetivos. Não faço idéia de quantas páginas terá, nem quanto tempo levarei para escrever. Já estou na página 434 e tenho a impressão de que a história, de fato, só vai começar quando Toni estiver de novo na fazenda, com Rosa. Então já estou me preparando psicologicamente para mais um tijolinho, que eu terei que publicar em três tomos (que é o caso de Construir a terra, conquistar a vida).
Bem, hoje é aniversário do Blog também, que completa quatro anos. Não dá pra pensar em direcionar os textos para outros assuntos, porque continuo escrevendo Rosinha, que é minha prioridade na divisão do tempo. Ah, a novidade é que estou fazendo parceiras com outros blogs (relação aqui do ladinho), que têm me ajudado a divulgar meus livros, com resenhas, entrevistas e sorteios. Escolha o que gostar mais e acompanhe-o. Na dúvida, acompanhe todos!
Agradeço a companhia de quem está sempre por aqui e espero continuar mantendo o interesse de vocês com textos que falam das dificuldades e alegrias de quem se mete a reinventar mundos e a inventar vidas. Um escritor não é nada sem seus leitores, e eu gosto muito de seus comentários, perguntas e críticas. Então Feliz Aniversário de leitura deste Blog pra você!

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Um pouco sobre mim

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Mestre em História e Crítica da Arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dedica-se à literatura desde 1985, escrevendo principalmente romances. É Membro Correspondente da Academia Brasileira de Poesia - Casa Raul de Leoni desde 1998 e Membro Titular da Academia de Letras de Vassouras desde 1999. Publicou oito romances, além de contos e poesias em antologias. Desde junho de 2009 publica em seu blog textos sobre seu processo de criação e escrita, e curiosidades sobre suas histórias. Em 2015, uniu-se a mais 10 escritores e juntos formaram o canal Apologia das Letras, no Youtube, para falar de assuntos relacionados à literatura.

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