sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

EM COMUM

Neste ano de 2014, continuo envolvida com Construir a terra, conquistar a vida e De mãos dadas. São minhas maiores histórias, e parei para pensar se elas têm em comum algo mais do que o número de páginas.
Sim, alguns elementos estão presentes nas duas histórias:
1)     são ambientadas no Brasil. Acho que gosto de falar da história do meu país.
2)     São romances históricos (conferir a definição que utilizei aqui), o que significa que os fatos históricos fazem parte da história das personagens, e interferem nos rumos do que estou escrevendo.
3)     As personagens vivem em cidades que hoje são importantes e capitais de seus estados – Duarte no Rio de Janeiro e Toni em São Paulo.
4)     São histórias de longa duração – Construir a terra, conquistar a vida leva 25 anos e De mãos dadas, 15 anos.
5)     Duarte e Toni são pessoas simples, do povo, interessados em trabalhar e ganhar seu sustento
6)     Duarte e Toni não se envolvem em questões políticas, mas são envolvidos pelos eventos históricos de suas cidades, e participam deles de alguma forma (Duarte mais ativamente do que Toni, que é levado)

É claro que nada disso explica o grande número de páginas de ambas, pois O canhoto também é um romance histórico de longa duração (sete anos), com um protagonista do povo envolvido meio contra-vontade nos fatos históricos de sua época. Mas também não estou procurando justificativa para nada. E o motivo de tantas páginas é muito simples: algumas histórias são maiores do que outras mesmo, e não há nada de mais nem em ser grande nem em ser pequena.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

BONECAS DE PAPEL

Sempre gostei muito de brincar de boneca. Susies e bonecas menores, bichinhos de látex, bonecas de papel. As bonecas formavam grupos familiares e de amigos e interagiam entre elas, em tramas que iam se construindo durante a brincadeira, que muitas vezes durava dias e semanas.
Na infância, a brincadeira era concreta. Era necessário manipular a boneca, articulá-la, fazê-la andar, pegar coisas, se mexer, para que a ação acontecesse. Ora, bonecas de papel não são articuláveis, e nem mesmo ficam de pé sozinhas. Elas não têm a corporeidade de uma boneca de plástico. Então algumas ações executadas pelas bonecas de papel, pela impossibilidade de acontecerem de fato, aconteciam apenas na minha imaginação, e mediadas pela linguagem (eu dizia que a ação estava acontecendo e ela estava, pelo poder da minha palavra).
Mas a gente vai crescendo e abandonando os brinquedos. As bonecas de papel resistiram mais tempo. Eu tinha vários conjuntos de bonecas e, dependendo do humor, brincava com um conjunto ou com outro, e as histórias que eu construía com as bonecas na adolescência duravam dias, semanas e meses.
Lembro de uma época, na adolescência, em que eu apenas dispunha as bonecas no chão, uma do lado da outra, e a brincadeira acontecia toda mentalmente: eu olhava para a boneca, tocava nela, e tudo o que eu queria que ela fizesse acontecia dentro da minha cabeça. Até o dia em que eu não precisava mais manuseá-las, nem olhar para elas para que elas se mexessem e interagissem. Introjetá-las em minha mente me deu total liberdade para brincar com elas a qualquer hora do dia e da noite, para mudar a aparência e a personalidade delas.
E até hoje, quando não estou escrevendo nada, recupero Pedrinho & Lisa (esses da foto) na minha mente e brinco com eles e com os companheiros deles, inventando situações prováveis e improváveis. Às vezes a trama fica boa e eu transformo em história. Troco os nomes, modifico a aparência e pronto: elaboração de personagens concluída.

A brincadeira começou concreta e foi ficando abstrata. Ganhou estrutura literária e forma escrita. Muita coisa mudou na maneira de caracterizar as personagens. Mas, para mim, escrever romances é como brincar de bonecas de papel: uma brincadeira levada a sério, ou uma atividade profissional divertida como uma brincadeira favorita.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

CLÍMAX

O clímax é a cena principal de uma história. É a cena em que o conflito se resolve, de um jeito ou de outro. Tudo o que aconteceu desde o início da história deve conduzir ao clímax e, depois dele, só resta arrematar todas as pontas e encerrar a história.
Por ser a cena mais importante, ela deve ser plena de ações e/ou emoções para as personagens, de forma a empolgar o leitor. Nos contos, o clímax em geral é o final da história. Nos romances, nem sempre. Nos romances, após o clímax, em geral há uma parte de ação descendente, até se chegar ao final. É uma característica minha fazer longos desfechos porque sempre tenho muitas pontas a arrematar – dar solução à vida de todos os secundários.
A cena do clímax, em De mãos dadas ficou com 11 páginas, e levei sete dias para escrevê-la inteira, com todas as releituras necessárias, correções, reposicionamento de falas. Agora é só conduzir Toni e Rosa ao final da história, projetando para o futuro, sem esquecer de resolver a vida das outras personagens. Estou na página 650 e, dada minha característica de escrever desfechos longos – e porque há muitas pontas a arrematar – acho que acabo de escrever com mais umas 300 páginas.

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Um pouco sobre mim

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Mestre em História e Crítica da Arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dedica-se à literatura desde 1985, escrevendo principalmente romances. É Membro Correspondente da Academia Brasileira de Poesia - Casa Raul de Leoni desde 1998 e Membro Titular da Academia de Letras de Vassouras desde 1999. Publicou oito romances, além de contos e poesias em antologias. Desde junho de 2009 publica em seu blog textos sobre seu processo de criação e escrita, e curiosidades sobre suas histórias. Em 2015, uniu-se a mais 10 escritores e juntos formaram o canal Apologia das Letras, no Youtube, para falar de assuntos relacionados à literatura.

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