sexta-feira, 22 de março de 2013

AMOR DESDE SEMPRE

Continuo na linha dos sentimentos que tomam conta de minhas personagens, conforme inspiração do colega literário Renato César.


Diferente do amor à primeira vista, intenso, apaixonado, arrebatador, que muitas personagens minhas conhecem, há um outro tipo de amor, igualmente intenso mas com certas características próprias e que outras personagens minhas experimentam. É um sentimento que começa como uma amizade infantil e que se intensifica na adolescência, quando as personagens decidem que querem ficar juntas para sempre, como marido e mulher. É um amor menos arrebatador e mais tranquilo do que o amor à primeira vista, mas mesmo assim minhas personagens são capazes de enfrentar obstáculos e dificuldades, de fazer loucuras em nome desse sentimento.
A influência principal neste caso é O morro dos ventos uivantes, de Emily Bronté, com a história da amizade infantil entre Heathcliff e Catherine, que se torna amor na adolescência e que inspira tantos outros sentimentos intensos, apaixonados, arrebatadores. Minha relação com essa história começou na infância, com o filme de William Wyler, produzido em 1939 (e é claro que eu assisti a uma reprise), com Laurence Olivier e Merle Oberon nos papéis principais. Encantei-me com o indomável Heathcliff e depois fui buscá-lo no livro, que me lembro de ter lido pelo menos três vezes. A leitura do livro fez o filme perder o encanto mas o interesse pelas personagens e pela história permanece, e faz questão de influenciar minha forma de escrever.
Rosala e Thierry, Estácio e Maria Teresa, Nicolaas e Ester, Toni e Rosa são exemplos desse amor permanente, que mistura amizade e costume de uma forma tão intensa que, para eles, é inconcebível a vida sem seu par. Bem, cada casal desses tem seus desafios, e seria antecipar o fim da história contar o que eles precisam enfrentar para conseguir enfim ficar juntos – ou não.

segunda-feira, 11 de março de 2013

AMOR À PRIMEIRA VISTA


Novamente foi uma pergunta do colega literário Renato César o ponto de partida para eu escrever este texto. Lendo meus livros, ele percebeu que é comum que as personagens se apaixonem ao primeiro olhar – o amor à primeira vista. É realmente bastante comum nas minhas histórias e recentemente – e por acaso – eu descobri ou me lembrei por que: em algum momento da minha infância ou adolescência, provavelmente antes de começar a escrever, e numa época de construção de imaginário, eu assisti à reprise do filme Romeu eJulieta (1968), de Franco Zeffirelli. Há alguns dias, revendo algumas cenas marcantes do filme, eu percebi quanto dele se encontra espalhado por todos os meus livros, especialmente em O destino pelo vão de uma janela. Então, essa ideia do amor à primeira vista intenso, avassalador e que leva as pessoas a desatinos ficou impregnada no meu inconsciente e no meu imaginário, e explode nas minhas histórias sempre que pode. Quero rever o filme todo novamente, para ver se é dele também que vem uma outra característica minha, apontada por meus leitores e tão bem observada pelo Acadêmico Antônio Olinto que, ao folear Construir a terra, conquistar a vida, me disse “tem muitos diálogos”, para em seguida completar: “o grande mestre dos diálogos é Shakespeare”. Então, se Romeu e Julieta me marcou tanto, talvez também seja influência de Shakespeare minha predileção por contar a história em diálogos.
É uma honra descobrir que todos esses anos venho seguindo, ainda que inconscientemente, tão valoroso mestre. Espero agora, com a consciência do fato, aprender ainda mais com ele e me aperfeiçoar.

sexta-feira, 1 de março de 2013

OUTRO ANIVERSÁRIO


Hoje é o dia em que comemoramos o aniversário da fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, que completa 448 anos de ocupação portuguesa permanente. A história dos primeiros anos de vida da cidade é marcada por heroísmo e persistência de um grupo de bravos que teimaram em manter o lugar sob o domínio do rei português. Adversidades não faltaram, fosse a presença dos franceses, os ataques dos índios tamoios, o terreno formado por lagoas e charcos, a falta de gente para povoar, os poucos recursos disponíveis para trabalhar a terra e fazê-la produzir. Eles passaram por cima das dificuldades e construíram uma cidade que se tornou uma das mais bonitas e importantes do Brasil, conhecida no mundo todo, embora ainda haja muitos problemas a resolver – hoje, problemas de outras ordens.
E foi nessa data tão marcante para a história da cidade que eu escolhi acabar a história Construir a terra, conquistar a vida. Ela podia ter acabado em qualquer dia, mas eu quis que o último evento da história coincidisse com o aniversário da cidade, um dia de festa e alegria. Então, enquanto todos comemoram os 448 anos da cidade do Rio de Janeiro, eu me lembro de que faz 421 anos que aconteceu o último evento da história (que é claro que eu não vou contar).
Estou fazendo a última revisão do texto, que tem 844 páginas digitadas em tamanho A4 (ainda estou chegando na metade). É muito interessante rever um texto que eu acabei de escrever a dez anos atrás (como contei aqui), e que faz tempo que não leio inteiro assim. Fico pensando “fosse hoje, escreveria diferente”. Mas é bom ver as personagens agindo, os eventos históricos acontecendo, os problemas surgindo e sendo resolvidos. Nos 25 anos em que se desenrola a história (de 1567 a 1592), tanta coisa acontece na vida da cidade e na vida das personagens... e é bom o sentimento de que personagens minhas estão no grupo dos bravos portugueses que fizeram os primeiros dias da cidade. Duarte lutou ao lado de Estácio de Sá e depois ele e Fernão lutaram ao lado de Salvador de Sá. E, além de defenderem a cidade, também a povoaram com seus filhos e netos. Construíram a terra e tiveram portanto direito de conquistarem uma vida melhor para si e para seus descendentes.
Salve Primeiro de Março, início e fim para muitas histórias, tanto reais como fictícias.

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Um pouco sobre mim

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Mestre em História e Crítica da Arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dedica-se à literatura desde 1985, escrevendo principalmente romances. É Membro Correspondente da Academia Brasileira de Poesia - Casa Raul de Leoni desde 1998 e Membro Titular da Academia de Letras de Vassouras desde 1999. Publicou oito romances, além de contos e poesias em antologias. Desde junho de 2009 publica em seu blog textos sobre seu processo de criação e escrita, e curiosidades sobre suas histórias. Em 2015, uniu-se a mais 10 escritores e juntos formaram o canal Apologia das Letras, no Youtube, para falar de assuntos relacionados à literatura.

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