domingo, 11 de novembro de 2012

PROTAGONISTAS, ANTAGONISTAS E SEUS OBJETIVOS


Desde que inverti a relação entre Curt e Karl, venho pensando muito na questão dos objetivos de vida das personagens, e o que seria lícito para um protagonista. “Tomar o poder” é objetivo para um protagonista? Ou isso necessariamente se torna “impedir que alguém tenha poder”, jogando essa personagem para o papel de antagonista e elevando o “alguém” ao papel de protagonista? Essa questão acaba se desdobrando em “o mocinho pode ser o vilão da história?” E se, no final, o Bem vencer? Minha personagem principal será punida. De repente minha falta de finais felizes começa a fazer sentido: como meus protagonistas são na verdade antagonistas, e o Bem vence no final (minha formação ética não me deixa fazer diferente), minhas personagens acabam não tenho o final feliz que gostariam.
Sempre que a questão do poder – em geral apresentada como poder político – se apresenta, minha tendência é ficar do lado do contestador, do subversivo, do transgressor, e elevá-lo ao posto de personagem principal e ponto de vista da história. É esse transgressor que carrega toda a história, que conduz a trama, para, no final, entregar tudo àquele que tentou prejudicar – uma personagem frágil que só mostra sua força no final, justamente para subverter a classificação dos papéis e terminar como o protagonista que vence o antagonista.

É revoltante entregar o protagonismo a Karl e Estienne, por exemplo, quando o trabalho pesado de conduzir a trama foi de Curt e Ninette, lutando contra todo tipo de adversidade, lutando contra os inimigos de Karl e Estienne. E, de repente, só porque o poder pertence legalmente a Karl e Estienne, Curt e Ninette acabam sendo proscritos, e ocupando o lugar de antagonistas.

Preciso estudar melhor essa classificação de papéis para definir se meus “malvados” podem ser protagonistas, mesmo que objetivos que se opõem aos objetivos das personagens “boazinhas”.

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Mestre em História e Crítica da Arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dedica-se à literatura desde 1985, escrevendo principalmente romances. É Membro Correspondente da Academia Brasileira de Poesia - Casa Raul de Leoni desde 1998 e Membro Titular da Academia de Letras de Vassouras desde 1999. Publicou oito romances, além de contos e poesias em antologias. Desde junho de 2009 publica em seu blog textos sobre seu processo de criação e escrita, e curiosidades sobre suas histórias. Em 2015, uniu-se a mais 10 escritores e juntos formaram o canal Apologia das Letras, no Youtube, para falar de assuntos relacionados à literatura.

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