Desde
que inverti a relação entre Curt e Karl, venho pensando muito na questão dos
objetivos de vida das personagens, e o que seria lícito para um protagonista. “Tomar
o poder” é objetivo para um protagonista? Ou isso necessariamente se torna “impedir
que alguém tenha poder”, jogando essa personagem para o papel de antagonista e
elevando o “alguém” ao papel de protagonista? Essa questão acaba se desdobrando
em “o mocinho pode ser o vilão da história?” E se, no final, o Bem vencer?
Minha personagem principal será punida. De repente minha falta de finais
felizes começa a fazer sentido: como meus protagonistas são na verdade
antagonistas, e o Bem vence no final (minha formação ética não me deixa fazer
diferente), minhas personagens acabam não tenho o final feliz que gostariam.
Sempre
que a questão do poder – em geral apresentada como poder político – se apresenta,
minha tendência é ficar do lado do contestador, do subversivo, do transgressor,
e elevá-lo ao posto de personagem principal e ponto de vista da história. É
esse transgressor que carrega toda a história, que conduz a trama, para, no
final, entregar tudo àquele que tentou prejudicar – uma personagem frágil que só
mostra sua força no final, justamente para subverter a classificação dos papéis
e terminar como o protagonista que vence o antagonista.
É
revoltante entregar o protagonismo a Karl e Estienne, por exemplo, quando o
trabalho pesado de conduzir a trama foi de Curt e Ninette, lutando contra todo
tipo de adversidade, lutando contra os inimigos de Karl e Estienne. E, de
repente, só porque o poder pertence legalmente a Karl e Estienne, Curt e
Ninette acabam sendo proscritos, e ocupando o lugar de antagonistas.
Preciso estudar melhor essa classificação de papéis para definir se meus “malvados” podem ser protagonistas, mesmo que objetivos que se opõem aos objetivos das personagens “boazinhas”.
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