Estou fazendo a
última revisão de Construir a terra, conquistar a vida antes de publicar. Há umas
coisinhas a acertar em termos de dinheiro e administração da cidade, mas estou
novamente me encantando com a vida desses primeiros habitantes do Rio de Janeiro.
Vou também corrigindo alguns erros de digitação que persistiram em passar
despercebidos todos esses anos e acrescentando, onde faltou, algumas marcações
para indicar quem está falando, quando há muita gente na conversa (família
grande é assim: todo mundo participa ao mesmo tempo). Ah, algo sério que terei
que revisar é quanto à passagem do tempo: como escrevi com um calendário a meu
lado, eu sabia exatamente quando os eventos aconteciam, e não queria enfadar o
leitor com a repetição dos anos, cada vez que começavam, então muitas vezes
informei apenas “no outro ano”, ou “depois do Natal, chegou um novo ano”, e
agora eu mesma fico perdida na leitura, sem saber em que ano aquelas ações
estão acontecendo. E se eu, autora, não sei, imagine a situação do leitor!
Então ficar perdida, para mim, é sinal de que algo está muito errado e precisa
ser consertado. Tenho que resgatar o calendário que eu usei para poder conduzir
melhor o leitor pelos vinte e cinco anos de duração da história.
Além de
problemas a corrigir, o que estou percebendo nessa leitura é como meu estilo de
escrita mudou. A todo momento, fico pensando “se fosse para escrever essa cena hoje,
eu faria de outra forma”. Ainda é cedo para caracterizar essa nova fase, mas
acho que já posso considerar que O canhoto inaugura minha quinta
fase. Desde que comecei a escrever Rosinha já estava com uma sensação
de que alguma coisa estava diferente, e esse sentimento se intensificou com a
leitura do texto que justamente abre a quarta fase da minha escrita (para quem
não se lembra da minha divisão de fases, o texto é este). Como a mudança é recente, e eu só escrevi dois romances
(sobreviventes) ainda por cima com características parecidas (os dois são
romances históricos de longa duração), vou deixar para pensar em quais são as
novas características dessa fase depois de escrever a próxima história, que nem
é romance histórico nem é de longa duração. Acho que dessa forma será mais
fácil perceber que alterações de estilo se consolidaram.
É bom perceber
que se está numa nova fase, pois isso significa um passo adiante no caminho
infinito em busca da excelência; significa que alguns problemas anteriores
foram resolvidos e que um novo horizonte de aspectos a aperfeiçoar se abre
diante de mim. Significa também que não estou estagnada, repetindo padrões
cansados e fórmulas já usadas, repisando soluções que já não me acrescentam nada.
Não sou o lago parado, mas o rio que flui, que contorna pedras, alta abismos e
corre certeiro para seu encontro com o mar.
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