Nesse último mês de dezembro, li o livro A
personagem, de Beth Brait (Série Princípios da Ed. Ática, 2006). A parte que
eu mais gostei foi o último capítulo, quando escritores tentam explicar como é
o processo pessoal de criação de suas personagens. Foi muito válido para eu
tentar perceber e registrar em palavras
meu próprio processo.
Eu diria que minhas personagens nascem de dentro
para fora. No início, a personagem é um sentimento, um desejo, um ideal que aos
poucos vai ganhando corporeidade. Em primeiro lugar, ela ganha um objetivo a
alcançar e, em decorrência, características de caráter que a façam ter sucesso
de forma fácil ou difícil. Depois vêm os obstáculos e ajudas, que acrescentam à
personagem outras características. Sim, a trama ajuda a formatar a personagem.
No meu processo, uma não existe sem a outra. Só depois que a história existe e
se sustenta é que eu vou completar as características da personagem: idade, época
em que vive, onde nasceu, onde mora, estrutura familiar, papel na sociedade. E
só quando ela começa a se relacionar com as outras personagens é que vão se
definindo os gestos, os trejeitos, as características mais peculiares, que
distinguem aquela personagem de suas companheiras de história. A última, bem última
coisa que se forma é a aparência física da personagem – e essa, por ser de
convivência mais recente, eu muitas vezes esqueço de contar ao leitor, no
livro. Acabo enfatizando mais as características emocionais, psicológicas,
sociais, motivacionais da personagem do que sua aparência física.
Gostei de fazer essa reflexão. A forma como
construo as personagens é algo que eu fazia sem pensar no processo. Tomar
consciência dos processos me ajuda a compreender melhor como minha mente
trabalha. É realmente fascinante.
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