Não gosto de personagens deslumbrantemente bonitas.
Lembro que, quando comecei a escrever, todo mundo era príncipe ou princesa, e
minha mãe chamou à atenção a inconveniência dessa coincidência. Imaginário de
contos de fadas começa a criar assim. Aos poucos, fui conseguindo fincar os pés
no chão (pelo menos um pouco) e começar a inventar personagens que são pessoas
comuns. E pessoas comuns não são nem feias nem bonitas; são simplesmente
comuns. Aprendi a colocar a beleza das personagens não nelas mesmas, mas nos
olhos de quem as vê. Então tenho poucas personagens realmente bonitas – nem me
ocorre o nome de nenhuma para citar aqui. Quando vou descrever as personagens,
acabo falando de poucos detalhes, só do que realmente faz diferença para a
história. Porque não importa se a personagem tem olho castanho ou azul: ela
enxerga do mesmo jeito. Me prendo mais em cores do que em formas, e na maneira
como as personagens usam seus atributos físicos – por exemplo, cabelo curto ou
comprido, solto ou preso. Mas se isso for importante para a história, se ajudar
a compor a personalidade da personagem.
Minha "feia" mais famosa é Inês, tida por feia inclusive pelo pai, pelos filhos e por ela mesma, mas cuja aparência muito encanta Fernão, o marido. Na verdade, é o que importa: que a beleza esteja nos olhos da pessoa certa.
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