Este mês faz 30 anos que eu resolvi que
escrever histórias era uma atividade interessante e algo que eu gostaria de
fazer intensamente. É claro que eu não podia imaginar que 30 anos depois eu
estaria falando sobre isso, ainda mais num blog. Pois é, há 30 anos atrás, não
existia internet e nem mesmo computador pessoal como os conhecemos hoje. Muita
coisa mudou no mundo em 30 anos e eu também mudei muito durante esse tempo.
Cresci, estudei, casei, mudei de casa várias vezes, aprendi muitas coisas, me
tornei mãe. Minhas histórias acompanharam esse percurso de vida, crescendo,
estudando, aprendendo, mudando, formando famílias. É interessante ver os textos
que eu escrevia há 30 anos atrás. Pensando melhor, é tenebroso ver esses
textos. Eu era apenas uma adolescente imatura e as histórias mal-contadas
refletem isso. Hoje vejo adolescentes (meninos e meninas) de 14 e 15 anos que
escrevem muito melhor do que eu escrevia com a mesma idade. Talvez porque eles
estão intencionalmente escrevendo um romance e, portanto, conscientes e atentos
à estrutura e aos elementos do gênero. Eu nunca escrevi livros; a vida toda
escrevo histórias, que no decorrer da escrita se mostram contos, novelas e
romances, e depois viram livros. Tudo realmente informal, no fluxo do
inconsciente. Os elementos necessários aos gêneros vão entrando no texto
devagar e de forma automática durante a escrita, ou analiticamente durante as
revisões.
Meu método e procedimentos também
mudaram, amadureceram, consolidaram-se e hoje são muito mais consistentes e
refletidos do que há 30 anos atrás. Eu agora sei o que fazer com uma idéia, como
construí-la e desenvolvê-la, como trabalhar os temas e amadurecer as
personagens.
Os objetivos mudaram também e, se no
início eu queria revolucionar a história da literatura brasileira, hoje fico
feliz por escrever o que alguns chamam de literatura de entretenimento. Há um
certo preconceito nessa denominação, como se fosse uma forma menor de
literatura, mas hoje isso não me incomoda mais. O importante é fazer bem feito,
e esse é meu empenho.
Chego então aos 30 anos com os seguintes
números:
- 311 ideias registradas
- 141 histórias criadas (com começo, meio
e fim)
- 23 histórias sobreviventes, que se
dividem em:
-
2 contos
-
3 romances de cavalaria
-
18 romances ou novelas
- 10 histórias suspensas (aguardando eu
resolver algum problema estrutural para poder escrever)
- 20 histórias sobreviventes escritas
- 8 histórias publicadas: O destino pelo
vão de uma janela, O processo de Ser, Pelo poder ou pela honra, O aro de ouro,
Nem tudo que brilha..., O maior de todos, Primeiro a honra, A noiva trocada.
- 11 histórias na fila de publicação: Construir
a terra conquistar a vida, Vingança, Amor de redenção, Não é cor-de-rosa, O
canhoto, Biblioteca de Kerdeor (Romance em prosa do Cavaleiro de Nova Gália,
História da vingança do bretão, Os Cavaleiros Cantores), O cisne (conto),
Labirinto vital (conto), O Além (conto).
- 1 história escrita aguardando
avaliação: De mãos dadas.
- 4 histórias aguardando para serem
escritas: Rodrigo – que vai gerar 3 livros, Amnésia.
Durante esses 30 anos, passeei pelos
gêneros – conto, crônica, novela, romance, poema – e por sub-gêneros –
histórico, urbano atual, ficção científica, alegoria, policial, suspense,
fantasia. Me diverti muito com todos eles, abandonei uns, demonstrei
preferência por outros. A predileção pelo romance histórico parece óbvia mas não
é real: também gosto bastante de ambientar histórias no presente da minha
cidade; gosto de andar por onde minhas personagens andam, de ver o que elas veem.
Gosto de me estender nos romances, mas também de ser rápida e objetiva nas
novelas. Então, na verdade, apenas gosto de contar histórias, de preferência
longas, em que as personagens possam desenvolver e mostrar suas personalidades,
de forma que sejam amadas ou odiadas pelos leitores.
Não sei como estarei daqui a trinta anos,
quantas histórias terei inventado, quantos livros estarão publicados. Mas
espero poder voltar aqui (ou ao que existir na época, no lugar dos blogs
atuais) para contar a vocês.
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