Estou
tentando dar um gás maior à escrita de minha história atual, e tenho conseguido escrever mais do que a
meia página da média do primeiro ano (como contei aqui). Estou na segunda fase desde a página 125,
quando Letícia entrou na história para bagunçar por um lado – e arrumar por
outro – a vida de Toni. Estou na página 187 e só um mês se passou. O momento é
a Semana de Arte Moderna (fevereiro de 1922), e é claro que Toni esteve
presente. Ele não vaiou as palestras nem os concertos, como outras pessoas
presentes, mas achou horrorosas as pinturas e esculturas, dormiu nas palestras,
e ficou horrorizado com os concertos. Mas é preciso perdoá-lo, pois ele ainda é
apenas um lavrador tentando a vida em São Paulo, alguém que nunca antes teve
acesso a expressões artísticas eruditas. É natural que ele não saiba apreciar
toda inovação que o evento veio trazer à História da Arte Brasileira. Na
verdade, o público que esteve presente à Semana, em geral, também não gostou
das novidades, embora a maioria tivesse formação erudita. Então Toni está na
média.
Enquanto
estou escrevendo, vou repassando a estrutura projetada inicialmente, e fazendo
os ajustes necessários. E é engraçado como os fatos se entrelaçam e determinam
o tempo da história. Eu tinha programado um evento para setembro de 1924 mas
depois quis puxar esse evento para março de 1924 - achei que iria demorar demais acontecer só em setembro. Conferindo minhas anotações,
percebi que a Revolução Tenentista em São Paulo aconteceu em 5 de julho de 1924
(exatos dois anos após o episódio dos Dezoito do Forte, no Rio de Janeiro) e
esse evento que eu tinha programado tem que acontecer após a Revolução
Tenentista. Então tratei de recalcular tudo colocando o evento de volta a
setembro de 1924, conforme o projeto inicial. Interessante como muitas vezes
uma simples alteração de data muda toda a história. Nada como ter um projeto
inicial para guiar todo o trabalho, e para o qual se pode voltar, se alguma
alteração der errado.
Outra
coisa que quero citar, como uma coincidência ilustrativa (não vale a pena
escrever um texto só sobre isso, então estou encaixando aqui mesmo) é a música Asa
Branca de Luiz Gonzaga, gravada na década de 1940. Não sei porque essa
música voltou à minha memória recentemente, mas sei que eu a chamei pela
estrofe: “Então eu disse adeus Rosinha // Guarda contigo meu coração”. Que
coincidência! É basicamente o mesmo que Toni fala ao se despedir de Rosa! Minha
Rosa, como a Rosinha de Luiz Gonzaga, é a amada que fica para trás, na árdua
tarefa de esperar, enquanto seu amado vai em busca de melhores oportunidades,
de novas chances de vida. E Toni também disse outra estrofe de Asa Branca: “Eu
te asseguro // Não chores não, viu? // Que eu voltarei, viu? meu coração”. A
motivação é diferente, mas a história é a mesma: o homem se aventura por uma
vida melhor, enquanto a mulher espera o retorno de seu bravo herói. Assim são
as histórias medievais. A gente rodeia, rodeia mas não consegue se livrar desse
inconsciente coletivo, que está gravado no imaginário mais profundo.
Olá Mônica...
ResponderExcluirVocê já escreveu 'kindle singles' alguma vez, ou já pensou em escrever um?
Se já, quais? Se não, porque não?
Parabéns pelo blog, os livros e pela ideia bacana de conduzir a história e partilhá-las.
Não sei o que são "kindle singles" :(
ResponderExcluirMe diga o que é, para eu não ficar aqui respondendo bobagem :)
Que bom que você está gostando de acompanhar meu processo de escrita. Ainda há muito a contar...