Essas histórias mais longas – O destino pelo vão de uma janela, que dura nove anos; Construir a terra, conquistar a vida, que dura vinte e cinco anos; O canhoto, que dura sete anos; e Rosinha, que dura quinze anos – em geral são histórias que envolvem o amadurecimento do protagonista, o que não acontece da noite para o dia, nem em um curto ano resolvendo problemas, pois amadurecer é tarefa para a vida inteira. Então essas tramas longas têm maior profundidade psicológica, em comparação às tramas curtas (exceto O destino pelo vão de uma janela, pois na época eu ainda não tinha experiência de vida e literatura para dar a devida profundidade a Gustave e Marie).
Cheguei
a cogitar a possibilidade de que o alongamento da trama, com a necessidade da
busca de amadurecimento por parte das personagens, estivesse relacionado a meu
momento atual de vida, em que tenho feito certos balanços e chegado a algumas
conclusões em termos de maturidade. Em outras palavras, minhas histórias
estariam se tornando longas à medida que amadureço. Mas, na verdade, não é isso
o que acontece, pois
O destino pelo vão de uma janela é
do início da carreira, e entre meus projetos para escrever há uma história que
não deve durar nem mesmo um ano. Então a longa duração tem a ver mesmo com a
necessidade de cada história e cada personagem, e está mais relacionada com os
temas tratados do que com meu momento pessoal. Por outro lado, os outros dois
projetos que também estão esperando para serem escritos são histórias de longe
duração, assim como a história que estou escrevendo agora (Rosinha) e a última que
escrevi (O canhoto). Gosto dessa longa duração, de ter bastante tempo e
espaço (páginas) para caracterizar e desenvolver as personagens, acompanhá-las
enquanto crescem e amadurecem. É um desafio caracterizá-las na transformação,
fazê-las mudar sem que percam sua essência e traços fundamentais de sua
personalidade.
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