São
as personagens de O maior de todos que disputam o poder sobre o pequeno e frágil
reino germânico de Durpoin. Quando eu sonhei essa história, Curt era a
personagem predominante, que tinha que influenciar o Rei para salvar Lisbet,
depois do acidente com a Rainha. Karl era apenas um menino com uma coroa na
cabeça, alguém que não resistiria à persuasão de Curt. Senti a confiança de
Curt em seu próprio poder, apesar das circunstâncias, e resolvi escrever a
história para mostrar isso.
Quando
eu escrevi essa história, Curt era a personagem principal, o protagonista,
aquele que conduz, não apenas a trama, mas também o destino do reino e das
pessoas que estão nele. Ele era o poderoso Curt Legrant, o conde que manda no
rei, que domina o conselho dos ministros, e cuja palavra é lei. Karl era um
jovem frágil, inexperiente, dependente de Curt, ansiando por libertar-se mas
geneticamente predestinado à submissão, embora capaz de uma subversão em algum
momento.
Quando
analisei essa história, vi o conflito entre o
grande e o pequeno, vi como Curt e
Karl se alteram no poder, e vi que
conseguir o que se quer nem sempre é o melhor que pode acontecer a alguém. Na
minha leitura, Curt era o protagonista e o antagonista eram as circunstâncias.
Karl era um terceiro, sem papel identificado.
Então
veio o blog e, para produzir estes textos, novas análises foram necessárias.
Explorei os aspectos que eu já tinha observado e fiz novas observações. O
primeiro estranhamento foi quando tratei da Jornada
do Herói. Outros protagonistas eram ou não heróis, mas aqui quem faz a
Jornada é Karl, e não Curt. Depois falei dos protagonistas e antagonistas, e contrapus Curt a Karl em
alternância, o que também é estranho, já que Karl não age contra Curt. Mas foi
ao analisar os inimigos de confiança
que uma nova luz se fez: o protagonista de O maior de todos é Karl. Curt é, na
verdade, o antagonista. É Curt quem precisa ser detido em sua sede de poder; é
Curt quem se opõe a que Karl reine plenamente, como rei recém-coroado que é.
Curt não é um vilão, porque não faz maldades, e tem seus próprios problemas
pessoais para resolver, aos quais dedica muita atenção. Mas o objetivo de sua
vida é atrapalhar Karl e é isso o que ele faz todo o tempo, no papel de
antagonista. E, por fim, quem subjacentemente está conduzindo a trama, quem
soluciona o conflito de poder é Karl, num papel de protagonista que vai
crescendo ao longo da história.
Dessa
nova leitura, surgem novas questões, que vou contando aqui à medida que for
conseguindo refletir sobre elas e elaborá-las.
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