Por estar lendo Construir a terra, conquistar a vida e escrevendo De mãos dadas, as duas com mais de
500 páginas, percebi como é mais fácil escrever muito quando as personagens
secundárias ajudam a carregar a trama – que é o que acontece em Construir a terra, conquistar a vida,
em que Fernão, Ayraci, Inês e os filhos têm seu momento de protagonismo. Duarte
integra e harmoniza, mas divide o fardo de carregar a história com o resto da
família.
Já a situação em De mãos dadas é diferente: Toni
carrega sozinho a história. Ele não apenas resolve sozinho seus problemas como
ainda participa ativamente da solução dos problemas das personagens secundárias.
Numa atitude “fominha”, ele não abre brecha para mais ninguém ser protagonista,
nem mesmo temporariamente. É bem mais difícil de construir e levar uma história
de longa duração assim. Acho que não conseguiria passar 25 anos com Toni, como
passei 25 anos com Duarte e Fernão.
Em De mãos dadas, as tramas secundárias são
convergentes, e caem todas nas costas do pobre Toni. Em Construir a terra, conquistar a vida, as tramas
secundárias são divergentes e são resolvidas próximo a Duarte e com apoio dele,
mas cada personagem secundária resolve seu próprio problema. E o interessante é
que fazer isto ou aquilo não foi escolha intencional, mas conseqüência do
caminho trilhado. Eu não decidi de antemão, simplesmente aconteceu.
Olhando também para as outras histórias, percebi
que minha tendência é ter protagonistas centralizadores e tramas convergentes.
Quem sabe, na próxima história de longa duração (sete anos ou mais na vida das
personagens), eu não experimento de novo fazer tramas secundárias divergentes,
e ter um protagonista que cede temporariamente seu espaço às personagens secundárias
– mas desta vez, com tudo planejado e intencional. Seria um desafio
interessante.
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