Achei que seria mais fácil
fazer a revisão de Construir a terra, conquistar a vida. Afinal, depois de dez anos lendo e relendo, era só conferir
que estava tudo certo e pronto. Engano meu... Justamente pelo lapso de tempo,
pude perceber quanta coisa há a corrigir e rever. Em primeiro lugar, em alguns
momentos eu me perdia quanto a quem está falando, sempre que a conversa incluía
mais de duas pessoas. Então, para poupar o leitor de ter que reler a página e
tentar adivinhar que, pelas características da fala, deve ser tal personagem a
falar, fui lá e marquei quem é que está falando. Às vezes ficou meio repetitivo
o “ele disse / ela disse”, mas é melhor encher o texto de “disse” do que deixar
o leitor sem informação. Gosto que meus textos sejam de fácil leitura, então é
preciso dar informação, em vez de
sonegá-la e deixar a conclusão a cargo da adivinhação do leitor.
Nesses dez anos entre
acabar de escrever e revisar, pude ler outros livros sobre a época, e aprendi
alguns truques de contextualização, que resolvi usar. Um exemplo é quanto a
dinheiro. Quando Fernão começa a trabalhar, ele tem um salário, que ele vai
mostrar à namorada, alegrando-se porque logo poderão casar e é claro que o
valor é citado. Eu tinha arbitrado um valor muito abaixo dos salários que se
praticava na época, então agora tive que dar um “aumento” a Fernão. Depois
disso, é necessário fazer a correção em todas as 827 páginas em que essa referência
pode acontecer – sim, 20 anos depois eles podem estar dizendo “lembra de quando
você ganhava só duzentos réis?”, então todas as páginas precisam ser revisadas.
Depois veio a questão da
situação no tempo. Eu só às vezes citava no texto o ano em que as coisas estavam
acontecendo. Afinal, quando escrevi, eu usei uma tabela temporal e
sabia perfeitamente em que ponto dela a história estava, e quando todos os eventos tinham
acontecido. Agora, dez anos depois, sem a tabela (que é claro que não vai ser
publicada junto com o livro), eu fiquei totalmente perdida, sem saber em que
ano as personagens estavam fazendo tudo aquilo, quantos anos as crianças
teriam. Significa que é necessário situar o tempo ano a ano, e foi o que eu
fiz. Aí é claro que algumas cenas são irresistíveis, e eu acabei demorando
mais para reler de novo.
Feito tudo isso, era hora
de incluir alguns termos de época, que eu acabei não colocando quando escrevi
para fazê-lo agora, na hora da revisão, pois faltava pesquisar melhor. Mas foi quando (já não me lembro de porque
tive essa luz) resolvi puxar o índice, e descobri que minha história de 76 capítulos
não tem o capítulo VIII (sim, minha numeração de capítulos é em algarismos
romanos). Fosse o LXXIV, ou o LXVII, tudo bem: eu renumeraria todos os capítulos
seguintes sem o menor problema. Mas era o capítulo VIII! Então revi a estrutura
inicial e consegui dividir o capítulo X em dois, resolvendo a questão. Agora,
finalmente, vou poder incluir os termos arcaicos, com muito critério, para que
o uso deles não prejudique a leitura e a compreensão, e encerrar essa longa e
trabalhosa revisão, para poder fazer a diagramação e depois a publicação. Espero que o resultado fique bom, porque estou
realmente me esmerando para fazer o melhor.
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