segunda-feira, 1 de julho de 2013

REVISANDO CONSTRUIR A TERRA, CONQUISTAR A VIDA

Achei que seria mais fácil fazer a revisão de Construir a terra, conquistar a vida. Afinal, depois de dez anos lendo e relendo, era só conferir que estava tudo certo e pronto. Engano meu... Justamente pelo lapso de tempo, pude perceber quanta coisa há a corrigir e rever. Em primeiro lugar, em alguns momentos eu me perdia quanto a quem está falando, sempre que a conversa incluía mais de duas pessoas. Então, para poupar o leitor de ter que reler a página e tentar adivinhar que, pelas características da fala, deve ser tal personagem a falar, fui lá e marquei quem é que está falando. Às vezes ficou meio repetitivo o “ele disse / ela disse”, mas é melhor encher o texto de “disse” do que deixar o leitor sem informação. Gosto que meus textos sejam de fácil leitura, então é preciso dar informação, em vez de sonegá-la e deixar a conclusão a cargo da adivinhação do leitor.
Nesses dez anos entre acabar de escrever e revisar, pude ler outros livros sobre a época, e aprendi alguns truques de contextualização, que resolvi usar. Um exemplo é quanto a dinheiro. Quando Fernão começa a trabalhar, ele tem um salário, que ele vai mostrar à namorada, alegrando-se porque logo poderão casar e é claro que o valor é citado. Eu tinha arbitrado um valor muito abaixo dos salários que se praticava na época, então agora tive que dar um “aumento” a Fernão. Depois disso, é necessário fazer a correção em todas as 827 páginas em que essa referência pode acontecer – sim, 20 anos depois eles podem estar dizendo “lembra de quando você ganhava só duzentos réis?”, então todas as páginas precisam ser revisadas.
Depois veio a questão da situação no tempo. Eu só às vezes citava no texto o ano em que as coisas estavam acontecendo. Afinal, quando escrevi, eu usei uma tabela temporal e sabia perfeitamente em que ponto dela a história estava, e quando todos os eventos tinham acontecido. Agora, dez anos depois, sem a tabela (que é claro que não vai ser publicada junto com o livro), eu fiquei totalmente perdida, sem saber em que ano as personagens estavam fazendo tudo aquilo, quantos anos as crianças teriam. Significa que é necessário situar o tempo ano a ano, e foi o que eu fiz. Aí é claro que algumas cenas são irresistíveis, e eu acabei demorando mais para reler de novo.
Feito tudo isso, era hora de incluir alguns termos de época, que eu acabei não colocando quando escrevi para fazê-lo agora, na hora da revisão, pois faltava pesquisar melhor. Mas foi quando (já não me lembro de porque tive essa luz) resolvi puxar o índice, e descobri que minha história de 76 capítulos não tem o capítulo VIII (sim, minha numeração de capítulos é em algarismos romanos). Fosse o LXXIV, ou o LXVII, tudo bem: eu renumeraria todos os capítulos seguintes sem o menor problema. Mas era o capítulo VIII! Então revi a estrutura inicial e consegui dividir o capítulo X em dois, resolvendo a questão. Agora, finalmente, vou poder incluir os termos arcaicos, com muito critério, para que o uso deles não prejudique a leitura e a compreensão, e encerrar essa longa e trabalhosa revisão, para poder fazer a diagramação e depois a publicação.  Espero que o resultado fique bom, porque estou realmente me esmerando para fazer o melhor.

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Mestre em História e Crítica da Arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dedica-se à literatura desde 1985, escrevendo principalmente romances. É Membro Correspondente da Academia Brasileira de Poesia - Casa Raul de Leoni desde 1998 e Membro Titular da Academia de Letras de Vassouras desde 1999. Publicou oito romances, além de contos e poesias em antologias. Desde junho de 2009 publica em seu blog textos sobre seu processo de criação e escrita, e curiosidades sobre suas histórias. Em 2015, uniu-se a mais 10 escritores e juntos formaram o canal Apologia das Letras, no Youtube, para falar de assuntos relacionados à literatura.

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